quinta-feira, 9 de junho de 2011

Saber

Mulheres de Armas!

Em poucos anos Zack Snyder é já uma referência, o seu estilo por detrás das câmaras é já característico, sendo um apologista do slow motions e dos maneirismos visuais que manipulam a própria imagem. Mas mais que um simples autor de imagem e estilos, Snyder já provou ser capaz de aprofundar os seus filmes, temos o exemplo do remake de Dawn of the Dead (2004), onde Snyder entrega de bandeja o mundo de Romero às grandes produções, e não se saiu mal, pelo contrario, e o “infilmavel” Watchmen (2009), dois casos que garantiram o sucesso entre o público e a critica, e que o elevaram para algo mais do que um simples “moço de recados” dos grandes estúdios e audiências. Após ter passado por inúmeros géneros do cinema, desde a animação (Legend of the Guardians), os remakes e adaptações de BD (300), Snyder aventura-se em terreno mais fértil, por fim uma fita originada pela sua própria ideia, construído desde raiz. Em inúmeras entrevistas, o realizador sempre aclamou a sua obra como “Alice no País das Maravilhas com metralhadoras” dando desde o princípio a ideia de ser uma versão neo-fantástica e estilista do clássico de Lewis Carroll, porém aquele apenas argumentava que por momentos encontrou-se na pele do autor literário e fez uso possível da sua imaginação e quebrou as fronteiras da limitação das mesmas para nos descrever este mundo surreal e por vezes fantasioso e onírico.


Pois bem, á nossa disposição temos Nazis, robôs assassinos, dragões, samurais eteens em trajes menores munidas de potentes arsenais e sabres afiados. Todas estas referências á cultura pop (passado pelo mundo dos videojogos e até mesmo da manga japonesa) definem o pano de fundo de uma simples história contada numa instituição mental, onde tudo é apenas uma ilusão á realidade criada pela nossa protagonista, apenas apelidada de Baby Doll (Emily Browning), que tenta acima de tudo fugir do cativeiro.


Sucker Punch – Mundo Surreal é apenas provavelmente e somente um dos melhores filmes a nível visual dos últimos anos, um conjunto de acção em melhor estilo de fazer inveja aos melhores videojogos do mercado (normalmente é sempre o contrario). Aqui Zack Snyder é um pássaro livre de criar, inventar e exagerar, a sua oportunidade que tal como peixe dentro de agua em esboçar a sua imaginação para a grande tela. Mas existe algo errado nisto tudo, não por sentir o exagero da acção e uso quase abusivo dos efeitos visuais em prol do espectáculo, nada disso, o que de prejudicial encontramos nesta fita é a sua completa falta de emoção, a certa altura o espectador perde o fio á historia e boceja mesmo em frente da acção energética, porque simplesmente não se liga ao vazio, nem mesmo Sucker Punchse esforça em sintonizar com o publico.


Não que lhe falte argumento para avançar como aconteceu com a segunda entrega de Michael Bay em Transformers, não, a historia tem pano para mangas, mas nada se livra do vácuo da sua plasticidade. Emily Browning pode muito bem encenar a sua versão de “le miserable”, mas não sentimos compaixão pela sua tragédia. Depois existe um derradeiro desequilíbrio no elenco feminino principal, sendo Abbie Cornish e Jena Melone as melhores prestações da fita, e também as mais desenvolvidas personagens da historia, ao lado da obviamente experiente e sensualCarla Gugino. Emily Browning se esforça, mas é uma simples cara bonita e quanto a Vanessa Hudgens que veio directamente da irritante trilogia High School Musical,é um erro de casting como um personagem inútil. Também não podemos esquecer o lado masculino e em minoria da fita, com principal destaque para Scott Glenn e o talentoso Oscar Isaac.


Provavelmente e tendo em conta o potencial de Sucker Punch, este será considerado um culto a seguir daqui a uns anos e se tudo correr bem num modelo para o futuro do cinema pipoca juvenil, por enquanto é um pátio de diversões para um realizador se expressar e libertar em um par de horas a criança que se encontra dentro dele. Todavia é um filme plástico, vazio, um verdadeiro desperdício! E tendo perspectiva do nosso ano, lá se foi o blockbuster mais original do mesmo.



Real.: Zack Snyder / Int.: Emily Browning, Abbie Cornish, Jena Malone, Jamie Chung, Vanessa Hudgens, Oscar Isaac, Scott Glenn, Carla Gugino, Jon Hamm


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